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quarta-feira, outubro 26, 2005

Nossa Senhora de Guadalupe



Aparições e Milagres

Ainda neste mês de outubro gostaria de contar a história da “Mãe das Américas”, Nossa Senhora de Guadalupe, que está tão em moda na telinha, mas que poucos sabem quão bonita é a história de sua aparição e primeiros milagres.
Tais fatos aconteceram a muito tempo atrás, na então chamada “Mesoamerica”, ou “Novo Mundo”, por volta do ano de 1521, após a derrota do Império Azteca para as forças de Cortez. E os fatos ocorridos nestes tempos produziram incríveis conversões, pois menos de 20 anos depois, milhares de habitantes que até então professaram por séculos uma religião politeísta baseada em cruéis sacrifícios humanos converteram-se ao Cristianismo.

Os escritos narrados sobre as aparições da Nossa Senhora de Guadalupe são inspirados no Nican Mopohua, escrito na linguagem Azteca, pelo Índio erudito Antônio Valeriano em meados do século XVI.
Infelizmente o original deste trabalho não foi achado. A primeira cópia foi publicada em Nahuatl por Luis Lasso de la Vega em 1649.
Dez anos depois da tomada da Cidade do México, a guerra chegou ao fim e houve uma paz entre os povos.
Como resultado desta paz começou a brotar a fé, o conhecimento do Deus Verdadeiro, por quem vivemos. E no ano de 1531, nos primeiros dias do mês de dezembro, aconteceu a primeira aparição, em uma montanha a noroeste da Cidade do México, a um pobre índio chamado Juan Diego, – beatificado por João Paulo II em 1990 – que nasceu em 1474, converteu-se em 1525 e faleceu em 1548, aos setenta e quatro anos de idade.
“Num sábado muito de madrugada, Juan Diego, ao aproximar-se da colina chamada Tepeyac, ouviu canto de passarinhos “sobremaneira suaves e deleitosos” e quando os cantos pararam, de repente ouviu uma voz que o chamava do alto da colina: “Juanito, Juan Dieguito” quando chegou ao topo viu uma “Donzela” de uma beleza “acima de toda ponderação”, com um resplendor “como de pedras preciosas”.
Prostrou-se na sua presença e ouviu dela estas palavras “suavemente amáveis”: “Sabe, e tem por certo, meu filho o mais pequeno, que eu sou a perfeita sempre Virgem Santa Maria, Mãe do verdadeiríssimo Deus por quem se vive, o Criador das pessoas, o dono dos arredores e das imediações, o dono do céu, o dono da terra. Muito quero, muito desejo que aqui me seja erigido um templo, em que me mostrarei e me darei às pessoas em todo o meu amor, no meu olhar compassivo, no meu auxílio, na minha salvação: porque em verdade Eu sou a vossa Mãe compassiva, tua e de todos os homens desta terra e de todas as outras variadas estirpes de homens, dos que me amam, dos que chamam por mim, dos que me buscam, dos que confiam em mim, porque ali escutarei o seu pranto e a sua tristeza para remediá-los, para curar todas as suas diversas penas, as suas misérias e as suas dores. E para que se realize o que pretende o meu compassivo olhar misericordioso, irás ao palácio do Bispo do México, e lhe dirás que Eu te envio, e lhe mostrarás que Eu desejo muito que aqui me providencie um santuário, que erga na planície o meu templo; tudo lhe contarás, tudo o que viste e admiraste, e o que ouviste. E tem por certo que muito to agradecerei e to pagarei, que por isso te enriquecerei e te glorificarei; com isso merecerás muito que eu retribua o teu cansaço, o teu serviço, com que vás solicitar o assunto para o qual te envio. Já ouviste, meu filho o menor, o meu alento, a minha palavra, anda, faz o que te cabe
Em seguida Juan Diego dirigiu-se ao palácio do Bispo, D. Frei Juan de Zumárraga. Muito respeitosamente contou-lhe o acontecido. O Bispo o escutou atentamente e lhe disse que voltasse novamente que por sua vez ele ponderaria o que tinha escutado. Mais tarde pediu-lhe um sinal.
O índio voltou a falar com Nossa Senhora que lhe disse: “Está bem, meu filhinho, voltarás aqui amanhã para levares ao Bispo o sinal que te pediu, com isso acreditará em ti, e já não duvidará de ti nem de ti suspeitará acerca deste assunto. E sabe, meu filhinho, que eu te pagarei as tuas preocupações e o trabalho e o cansaço que tomaste a peito por mim. Vai-te por agora, que amanhã te espero aqui”.
No dia seguinte, segunda-feira, Juan Diego não voltou porque o seu tio Juan Bernardino tinha adoecido muito gravemente e foi procurar um médico e um sacerdote para que o confessasse antes de morrer. Como não conseguiu encontrar o padre, na terça-feira saiu novamente a procurá-lo. Com receio de que indo pelo mesmo caminho, Nossa Senhora o reteria e correria perigo de que o sacerdote não chegasse a tempo, desviou-se do caminho, mas a Virgem veio atalhar-lhe os passos e disse-lhe: “Que te está acontecendo, meu filho o menor? Para onde vais, para onde te diriges? “Escuta, e guarda-o no teu coração, meu filho o menor, que o que te assusta e te aflige é nada. Não se perturbe o teu rosto nem o teu coração, não temas esta doença, nem nenhuma outra doença ou coisa dolorosa e aflitiva. Não estou Eu aqui, Eu que sou a tua mãe? Não estás sob a minha sombra e resguardo? Não sou Eu a fonte da tua alegria? Não estás debaixo do meu manto e em meus braços? Por acaso tens necessidade de alguma outra coisa? Nada te aflija ou te perturbe; não te aperte com aflição a doença do teu tio, porque dela não morrerá por agora. Tem por certo que ele já está bom”. (E imediatamente, naquele mesmo momento, o seu tio ficou curado, como depois se soube).
“A Rainha do Céu mandou-o então subir até o topo da colina, lá onde anteriormente a vira, e disse-lhe: “Sobe, meu filho o menor, sobe ao topo da colina, lá onde me viste e onde te fiz o meu pedido; ali verás flores variegadas: corta-as, reúne-as, põe-nas todas juntas, e depois desce até aqui, trazendo-as até aqui, até à minha presença
“E Juan Diego subiu sem perda de tempo a colina, e chegando ao topo admirou-se muito ao ver quantas [flores] havia, florescidas, abertas as corolas, flores as mais variadas e mais formosas, quando ainda não era tempo delas, pois na verdade era a estação em que recrudesciam os gelos. Exalavam um odor suavíssimo, como pérolas preciosas, como que cheias do orvalho da noite. [Juan Diego] Pôs-se a cortá-las, juntou-as todas e colocou-as no vão do seu poncho.
“Logo a seguir desceu e veio trazer à Menina Celestial as diversas flores que tinha ido cortar, e quando [Ela] as viu, tomou-as nas suas veneráveis mãos e depois voltou a pô-las todas juntas no vão do seu ayate e disse-lhe: “Meu filhinho menor, estas diversas flores são a prova, o sinal que levarás ao Bispo; e dir-lhe-ás da minha parte que veja nelas o meu desejo, e que por isso realize o meu querer e a minha vontade. Quanto a ti..., tu que és o meu mensageiro..., em ti se deposita absolutamente a confiança; e mando-te muito, com rigor, que somente na presença do Bispo abras o teu ayate, a sós, e lhe mostres o que estás levando. E lhe contarás tudo cuidadosamente e lhe dirás que te mandei subir ao topo da colina para cortar as flores, e todas as demais coisas que viste e admiraste, para que possas convencer o Governante Sacerdote, e para que ele logo faça o que lhe cabe a fim de que se construa e se levante o meu templo, que lhe pedi”.

Continua...

Pesquisa:

1 - www.sancta.org
2 - Llano Cifuentes, R., "Deus e o sentido da vida", Edit. Marques Sariava, Rio de Janeiro, 2001, pp. 171-184.