Pra Comunicar

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terça-feira, setembro 06, 2005

Mais uma boa lição!

“As experiências que matam as esperanças...

“Li, faz tempo, uma interessante crônica na Folha de São Paulo. Numa cidadezinha do interior uma professora estadual enviuvou de um conhecido vereador chamado Tobias, a quem amava muito. Os amigos do vereador fizeram uma “vaquinha” e deram de presente à viúva um austero busto de madeira com a figura de Tobias, que foi colocado solenemente na sala. Todos os dias a moça podia ser vista colocando flores na tumba do seu amado Tobias. Só vivia de lembranças, tinha perdido as esperanças. E eis que começou a aparecer no cemitério um outro viúvo, enlutado, sofrendo do mesmo triste saudosismo, que perto da professorinha chorava também o seu amor perdido. As coincidências se repetiram. Fizeram amizade. A professorinha um belo dia foi seguida pelo seu triste companheiro de aflições até a casa onde ela morava. Foi convidado a tomar um cafezinho. Na sala encontrou o visitante o rosto de Tobias que o fuzilava com o seu olhar. As visitas se reiteravam. A amizade crescia. Mas entre os dois havia algo que os distanciava: era o olhar severo de Tobias. Parece que lhe dizia: tu que estás fazendo aqui, intruso, impostor. Um dia Maria - a empregada - disse que não podia fazer o café porque faltava lenha ( a cozinha naquela casa antiga do interior evidentemente tinha fogão a lenha). Faltando lenha não haveria café; faltando café a conversa não se justificava... de repente a empregada ouviu uma voz cava que saída do fundo da garganta da professorinha:
“Maria, racha o Tobias!”
Que disse a senhora? Que faça lenha com o busto de Tobias?
“Isso mesmo!” repetiu de forma incrivelmente decidida a professorinha: “Racha o Tobias!”
A partir daquele momento a sombra agourenta de Tobias desapareceu... A amizade virou namoro... e o namoro casamento.
Hoje se pode ver nessa cidadezinha do interior um casal muito feliz que todos os dias à tardinha dá um passeio à beira do rio, acompanhado de uma criança, o seu filhinho, que alegremente corre por todas aquelas campinas.
Essa história ficou para mim como um símbolo.
Poderíamos perguntar: qual é o seu “Tobias”?, qual é a sombra que paira na sua vida?; que mágoa, que decepção, que fracasso, que medo, que derrota o prende ao passado?; que complexo, que nostalgia, que rancor, que frustração o impede de correr agilmente para o futuro?
Racha o “Tobias”!, deveríamos ouvir gritar a nossa consciência.
Se queremos ser permanentemente jovens não podemos carregar os mortos do passado, Jesus nos diz no Evangelho: “deixa que os mortos enterrem aos seus mortos; tu vem e segue-me” (Mt 8, 22).

Coletado de :
Llano Cifuentes, Rafael., “Deus e o sentido da vida”, Edit. Marques Saraiva, Rio de Janeiro, 2001, pp. 353-354.

sábado, setembro 03, 2005

O Nó do Afeto

A algum tempo recebi, por e-mail, este texto o qual achei muito interessante, por isso resolvi postá-lo.


Em uma reunião de pais, numa Escola da periferia, a Diretora ressaltava o apoio que os pais devem dar aos filhos. Pedia-lhes, também, que se fizessem presentes o máximo de tempo possível. Ela entendia que embora a maioria dos pais e mães daquela comunidade trabalhassem fora, deveriam achar um tempinho para se dedicar e entender as crianças.
Mas a Diretora ficou muito surpresa quando um pai se levantou e explicou, com seu jeito humilde, que ele não tinha tempo de falar com o filho, nem de vê-lo, durante a semana. Quando ele saía para trabalhar, era muito cedo e o filho ainda estava dormindo. Quando voltava do serviço era muito tarde e o garoto não estava mais acordado.
Explicou, ainda, que tinha de trabalhar assim para prover o sustento da família.
Mas ele contou, também, que isso o deixava angustiado por não ter tempo para o filho e que tentava se redimir indo beijá-lo todas as noites quando chegava em casa. E, para que o filho soubesse da sua presença, ele dava um nó na ponta do lençol que o cobria. Isso acontecia religiosamente, todas as noites quando ia beijá-lo. Quando o filho acordava e via o nó, sabia, através dele, que o pai tinha estado ali e o havia beijado. O nó era o meio de comunicação entre eles.
A Diretora ficou emocionada com aquela história singela e emocionante. E ficou surpresa quando constatou que o filho desse pai era um dos melhores alunos da escola.
O fato nos faz refletir sobre as muitas maneiras de um pai ou uma mãe se fazerem presentes, de se comunicarem com o filho. Aquele pai encontrou a sua, simples, mas eficiente. E o mais importante é que o filho percebia, através do nó afetivo, o que o pai estava lhe dizendo. Por vezes, nos importamos tanto com a forma de dizer as coisas e esquecemos o principal, que é a comunicação através do sentimento. Simples gestos como um beijo e um nó na ponta do lençol, valiam, para aquele filho, muito mais que presentes ou desculpas vazias.
É válido que nos preocupemos com nossos filhos, mas é importante que eles saibam, que eles sintam isso. Para que haja a comunicação, é preciso que os filhos “ouçam” a linguagem do nosso coração, pois em matéria de afeto, os sentimentos sempre falam mais alto que as palavras. É por essa razão que um beijo, revestido do mais puro afeto, cura a dor de cabeça, o arranhão no joelho, o ciúme do bebê que roubou o colo, o medo do escuro. A criança pode não entender o significado de muitas palavras, mas sabe registrar um gesto de amor. Mesmo que esse gesto seja apenas um nó. Um nó cheio de afeto e carinho.

quinta-feira, setembro 01, 2005

A Ciência da Vida

Pode-se aprender muito pela experiência alheia. O antigo aforismo já o diz: “historia magistra vitae” - A história é mestra de vida. Dizem que todos aprendemos “apanhando”, mas só os inteligentes aprendem observando como os outros “apanham”. Já há quem tenha escrito que Hitler não teria cometido o erro de entrar no coração da Rússia, onde sofreu uma fatal derrota, se tivesse estudado a fundo o desastre sofrido anteriormente por Napoleão frente a Kutusov, o desconhecido comandante russo ou perante o “general inverno” - a neve e o frio - muito mais potente e destruidor. Talvez muitos não se teriam deixado levar pela tentação, se tivessem aprofundado no acontecimento de Esaú, que vendeu a sua primogenitura por um prato de lentilhas, ou não teriam perdido a força da sua vocação se tivessem prestado mais atenção ao percalço do fortíssimo Sansão, vencido pelos encantos de Dalila.
O afobamento, a impremeditação, a falta de reflexão, a imprudência que nos impedem levar em conta os desastres alheios - pensando com auto-suficiência: “isto não acontecerá comigo!” - fazem com que nós cometamos muitos erros previsíveis: falta ponderação, falta espírito de meditação e de exame.

Llano Cifuentes, Rafael., Serenidade e Paz pela oração, 2ª edição, Edit. Marques Saraiva, Rio de Janeiro, 2005, pp. 32-33.